sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os projetos de apicultura ou de instalação de apiários

Nunca até hoje, em minha opinião claro, tanta gente decidiu de repente tornar-se apicultor. Claro que a atual crise económica que atravessamos também tem a sua quota-parte de responsabilidade, pois de repente a nossa sociedade atirou para o desemprego milhares, senão milhões, de homens e mulheres, que de repente se vêm se alternativas de sustento e tentam encontrar na apicultura uma forma de obtenção de rendimentos, até porque a apicultura é a única atividade agrícola que não implica que o apicultor seja proprietário da terra ou que tenha algum vínculo com ela, basta que tenha autorização do dono, do arrendatário, para que em meia dúzia de metros quadrados possa instalar o seu apiário. Por outro lado as mais ou menos recentes orientações políticas emanadas da CE, dando-se conta que é necessário um regresso às origens com o inerente equilíbrio biológico e proteção da biodiversidade, levaram a que da mesma CE tenham sido libertados fundos, para fomentar a apicultura.

Esses fundos traduziram-se no caso de Portugal, no incentivo a fundo perdido de projetos de instalação de explorações apícolas, contemplando em muitos casos um prémio monetário de instalação aos novos agricultores/apicultores.

Até aqui tudo bem, no entanto, começa a desenhar-se um quadro, já visto no passado, em que mais uma vez o investimento, o dinheiro, que deverá ser para apoio e desenvolvimento de projetos, para ser aplicado no desenvolvimento da atividade apícola, de nada vai servir pois a forma como os apoios estão a ser dados, não corresponde na prática à forma mais correta de fazer as coisas.

Quem frequenta fóruns sobre apicultura, tem-se dado conta nos últimos tempos em que aparentemente vindos no nada, aparecem novos apicultores com 100, 200 ou mais colmeias, mas que não fazem a menor ideia do maneio de uma colmeia e com duvidas básicas, licitas claro, de como proceder nas operações mais básicas mas que no entanto para um apicultor mais experiente, deixam antever o fim que a muito curto prazo vai acontecer, pois a vida de uma abelha é muito curta, tudo se passa muito depressa, e quando um apicultor inexperiente se apercebe que tem uma doença nas abelhas, normalmente já elas morreram todas.

Mas para não deixar qualquer margem de dúvida, sou completamente a favor dos incentivos para a apicultura, apenas em minha opinião e porque afinal o dinheiro que alguns recebem é de todos, ele aparece vindo do nada, foram impostos que forma pagos tanto por portugueses como por outros membros da CE, temos a obrigação de exigir que haja maior rigor e critério na forma como ele é administrado

Há uma cláusula nos apoios aos projetos apícolas, que eu acho errada no timing em que é feita e que leva a que a maior parte dos projetos sejam condenados ao fracasso, e, mais não seja do que continuar a deitar dinheiro fora, pelo menos dos projetos que eu conheço.

O financiamento destes projetos obriga o candidato a frequentar um curso de apicultura e gestão no espaço de 3 anos.

Qualquer um de nós sabe que iniciar uma atividade apícola, na sua fase mais complicada, é o início, é quando não se sabe nada sobre abelhas ou como criar abelhas, e na prática quando o candidato vai frequentar o curso já as abelhas morreram.

Pessoalmente, tenho conhecimento de projetos aprovados para candidatos a 500 colmeias que não distinguem uma abelha de uma vespa.

Em minha opinião, os candidatos deveriam começar por frequentar um curso de formação profissional e o apoio pecuniário ser de acordo com o aproveitamento do curso, tanto na sua componente de gestão como de criação de abelhas e terem acompanhamento obrigatório de um técnico durante a fase de projeto ou seja os 3 anos com a obrigatoriedade de cumprirem limites mínimos de desempenho ou á devolução de todo ou parte do capital dado porque estes fundos são na sua maioria a fundo perdido, sendo que alguns dos projetos ainda contemplam um prémio de instalação para novos agricultores que pode ir até 40.000 euros.

Isto fazia com que quem de facto recebesse os fundos já fosse minimamente capaz de os saber aplicar de acordo com a finalidade a que se destinaram.

Hoje, tanto quanto sei, esses fundos já não apoiam a instalação a 100% ou seja, hoje apenas só já é apoiada a fundo perdido a aquisição do material, seja colmeias, seja equipamento relacionado com a apicultura não estado as abelhas contempladas nesses apoio, isto faz questionar e depois do acima dito, o que vai fazer um apicultor inexperiente, que tenha tido o azar de se cruzar com uma loque ou com uma parasitação de varroa? fica com 200 colmeias vazias ? abandona o projeto ? e o dinheiro que afinal era de todos como fica ?