terça-feira, 27 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap VI

Continuação ...

Dez dias passados sobre o início desta experiência e na tentativa de descrever o melhor possível o que se passa, temos então que não há nenhuma realeira nem possibilidades que alguma possa a vir ser construída se não existir nenhuma mudança radical na situação.

Esta colónia está irremediavelmente condenada á extinção!

A evolução desta situação vai passar pelo aparecimento de abelhas "poedeiras" que são apenas abelhas obreiras que pela ausência de mestra e numa tentativa desesperada de sobrevivência da colónia, vão desenvolver os ovários e iniciar postura de ovos, coisa que em condições normais não existe. Como estas abelhas não são nem nunca serão fecundadas, apenas podem depositar ovos inférteis, e por consquência disso apenas podem criar zangãos. Por isto se designa uma colmeia de zanganeira pois num estado avançado desta condição vão apenas restar zangões na colónia, como não poduzem, a colónia, irremediávelmente, desaparece. Esta condição vai demorar ainda alguns dias para poder aparecer, logo ainda irei a tempo de intervir e a intervenção e porque são visiveis algumas abelhas parasitadas com varroa, e para poder interromper este ciclo vai ser introduzida nesta colónia uma nova mestra já nascida. Evito com isso a repetição de um facto que já sucedeu que foi a falha de criação de uma nova mestra, quando em teoria o mesmo poderia ter sido conseguido, provávelmente a falha atribui-se ás condições meteorológicas adversas que se têm feito sentir, e porque como se sabe, a varroa reproduz-se na criação, logo, a oferta de nova criação ía criar condições propícias á evolução da varroa, coisa que na presente situação é inviabilizada pois não existe criação aberta que possam já contaminar.

Vou esperar pelo nacimento de toda a criação para intervir na resolução do problema da varroa com condições ótimas para o sucesso ou seja a falta de criação em fase larvar.

Hoje não há fotos pois também para além da estratégia que vou seguir pouco mais há a assinalar no entanto e por mero acaso fotografei uma abelha, estou convencido que é uma abelha, de dimensão muito reduzida e que se deliciava num banho de pólen na flor de uma esteva.

Se alguém a conseguir, ou souber identificar, eu pelo menos agradeço.

Pormenor da cabeça

Vista laterar
Completamente cheia de pólen
Outra vista lateral
Vista do abdómen
Abelha apis para termos de comparação de dimensão


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domingo, 25 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap V

Continuação ...

Faz hoje 8 dias que esta experiência começou. Não foi possível nos últimos dois dias fazer nenhuma observação pois o tempo não o permitiu, frio e sobretudo muito vento, colocariam em perigo toda a colónia, no entanto o desastre aconteceu, o vento deitou abaixo o núcleo que embora tendo muito peso em cima já tentando precaver estas ocorrências não foi no entanto suficiente. Este material, o chamado roofmate, para além do facto de ser barato, muito fácil de trabalhar e bom isolador térmico não tem mais vantagem nenhuma e tem vários inconvenientes, a falta de peso, o não se poder "esterilisar" pela chama pois não pode apanhar calor e a sua exposição ao sol, vento e chuva também lhe reduz bastante a vida pois começa a desfazer-se em pó, fica o aviso!

No meio do azar do acidente sofrido houve alguma sorte, pois o quadro tombou em cima do pacote do sumo usado como alimentador interno e isso permitiu ás abelhas ficarem com espaço para poderem de imediato começar a tentar resolver o problema.


Fazendo um ponto da situação; A realeira que existia na parte da frente do favo penso que terá sido destruida, pois a mesma desapareceu e não parece ter sido a queda pois o aspeto era de ter sido destruida.

A realeira na parte traseira não tem sinais de ter avançado, parece estar vazia, foi colada á cera antiga, embora não podendo observá-la em pormenor, diria que está vazia. Não foi visivel mais nenhuma embora tenha sido movida alguma cera antiga para melhor poder observar tudo.


O quadro deixou de estar assente no fundo foi suspenso tentado dar-lhe um ambiente mais próximo da realidade

É sabido que as abelhas em alturas de crise expulsão os zangãos da colónia, no entanto aqui e perante todas as dificuldade de sobrevivência encontradas estas abelhas continuam a conviver pacificamente com talvez uma duzia de zangãos que por lá andam.

Outra observação e esta mais grave, foi o ter observado abelhas com varroas, foram observadas 4 ou 5 com o ácaro.

Continuam a demonstrar um comportamento bastante calmo, bom movimento de entrada e saída de abelhas, embora tenha sido observado que pouco pólen está a entrar na colónia, talvez porque já não existe criação aberta, ou pelo menos se existir será nesta altura muito pouco.

Nesta altura é óbvio que já não existe possibilidade nenhuma de tentarem criar uma nova mestra, pois já não existem larvas viáveis.

Fica a questão porque não conseguiram fazer uma nova mestra apesar de duas realeiras feitas ?, penso que terá sido sobretudo o frio da noite que terá morto a criação mais propícia a esse passo e elas ficaram sem nada para poder contornar o problema.

Chega a altura de tomar decisões e de dar uma ajuda, vou tentar resolver o problema do aparecimento de varroa através do açucar em pó, ou seja vou borrifá-las com açucar em pó na expetativa de entrarem num frenesim de limpeza e se livrarem das varroas.

Estou indeciso entre fornecer mais criação para lhes dar possibilidades de tentarem puxar uma mestra ou introduzir uma mestra virgem nos próximos dias.

O clima continua a não ajudar pois continua a não haver floração ou seja, chuva?!, cairam umas gotas de chuva barrenta que a única coisa que fez foi sujar tudo, acho que nem o pó assentou.

Foi fornecido mais alimento, mel e xarope de açúcar.


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quinta-feira, 22 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap IV

Continuação ..

120 horas passadas desde o inicio desta experiência, temos que já são visiveis as primeiras reservas dé pólen e de mel armazenadas no favo.


O alimento deixado inicialmente foi todo consumido, foi adicionado mais xarope de açúcar.

A realeira continua a ser visitada pelas abelhas como se estivessem a alimentar uma larva mas continua vazia, no entanto e novidade das novidades construiram uma outra realeira na parte traseira do favo, infelizmente não é pela sua posição possível de observar o seu conteúdo.



As abelhas começam a trabalhar em bom ritmo, quero com isto dizer que o movimento na entrada do núcleo começa a ser quase uma constante.


Embora começando a haver muito pólen disponível para colheita, nas abelhas observadas hoje eram poucas as que transportavam pólen.

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quarta-feira, 21 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap III

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Obviamente já tive que de novo ir vistar estas abelhas.

Então temos que, e numa tentativa de descrever o que se está a passar, e fazendo um ponto da sitação 72 horas depois do inicio desta experiência, começam a ser visíveis as primeiras reservas de néctar e pólen.



Alguma criação, não muita mas sobretudo a mais nova, morreu e foi retirada dos alveolos.



A célula real, que  afinal é apenas uma e que de início e depois de a ter podido observar com mais atenção, parecia-se com uma falsa realeira, foi reconstruida e continua a ser construída mas novidade das novidades, que, infelizmente não consegui documentar em foto, a célula por enquanto está vazia.



O mel e o xarope de açúcar continuam a ser consumidos  a bom ritmo e começam a ver-se mais abelhas campeiras a voltar carregadas de pólen.



Não está fácil a vida destas abelhas mas continuo a apostar nelas, e vou continuar a postar aqui o que se vai passando e for observando.


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segunda-feira, 19 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap II

Continuação ...

Tinha programado que a próxima visita a esta experiência seria no prazo de 4 dias ou que seria deste relato a 48 horas, no entanto porque tive de ir perto deste apiário não resisti á tentação de ir ver como as coisas estavam a correr.

E posso dizer que fiquei contente com o que vi, mais uma vez fiquei maravilhado com a capacidade que as abelhas têm para resolver situações adversas.


Como no início desta experiência tinha descrito este punhado de abelhas era composto sobretudo de abelhas novas. É sabido que durante a sua vida as abelhas vão desempenhando diferentes tarefas, que vão desde o tratamento da criação, fase da vida que se designa por "nutriz", evoliundo depois para "guardas" e terminando a sua vida como "campeiras" ou "coletoras". Sabemos também que podem saltar fases da vida consoante as necessidades do coletivo.

A esta colónia, são colocados vários problemas. Não têm uma mestra para tratarem, logo a fase de ama da raínha não se coloca, não têm criação a nascer, ainda, para que se ocupem da limpeza das células que vão ficando vazias, têm alguma criação para cuidar e não têm abelhas campeiras, para ir lá para fora coletar alimento.


Foi observado que o alimento fornecido, mel e xarope de açúcar estava a ser consumido a bom ritmo e que já se viam algumas reservas nos favos.


Foi observado que a criação continuava a ser bem alimentada e cuidada e que algumas células com criação que tinham ficado danificadas foram reparadas para que o desenvolvimento da larva e da pupa pudesse continuar.


Foi observada a criação de uma célula real, acho que estão a criar duas, mas como não quis perturbar não fui verificar com mais precisão se de facto estão a fazer duas se apenas uma.
Por último e das observações fundamentais, vi estarem a chegar algumas abelhas com pólen e provávelmente néctar.


Vi hoje também a primeira flôr de esteva deste ano, já a ser visitada por uma abelha por acaso deste pequeníssimo núcleo, pois vi que ela voou para a sua cólonia e vi que entrou na mesma




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sábado, 17 de março de 2012

Brincando com abelhas .. Cap. I

Vou dar inicio aqui a uma descrição de uma experiência que espero ser bem sucedida.

Hoje, durante uns trabalhos apicolas, realizados "sobrou" um quadro com uma cera estragada e com um pouco de favos puxados e um pequeno punhado de abelhas.

A primera tentação foi sacudir as abelhas a deitar fora a cera que lá estava.



No entanto, e para ser exato na descrição, devo dizer que foi o meu filho que depois de olhar com mais atenção viu que o mesmo estava populado com abelhas novas e que as mesmas se encarregavam de tratar de alguma criação aberta que havia na pouca cera que as abelhas tinham construido nesse quadro, havia também alguma criação já celada no quadro e sobretudo havia alguma criação viável para a tentativa de criação de uma mestra, pelas abelhas.


Por proposta/desafio dele, preservamos esse quadro com as abelhas que o ocupavam, e predispusemo-nos, partindo de um punhado de abelhas que o populavam, presumo que não mais de 250, tentar levar as abelhas a produzir uma mestra e a construir uma nova colónia. Claro que isto para quem lida com abelhas e sobretudo com a produção de raínhas não é novidade nenhuma, pois sabemos que com uma pequena quantidade de abelhas se consegue fecundar uma mestra e por consequência desenvolver uma nova colónia, mas aqui o desafio é diferente, nós não temos, nem vamos fornecer nenhuma mestra, temos apenas larvas com viabilidade possível para as abelhas produzirem uma nova mestra para elas.


Foi cortado o quadro de meia alça langstroth que era o suporte físico onde elas estavam de forma a caber dentro do núcleo disponível e foi, para não stressar mais as poucas abelhas, metido num núcleo reversível de "roofmate" . que possuimos para a produção de núcleos de abelhas.


O procedimento adotado foi o afastar esse núcleo alguns kms do local de origem, até porque o apiário não era nosso, foram, como disse, acomodadas num núcleo reversível e alimentadas com xarope de açúcar, e pronto, isto teria ficado por aqui se durante o fornecimento de xarope alimentar não tivesse sido verificado a total ausência de qualquer alimento, condição que á partida condenava tudo irremediávelmente.


Posto isto decidiu-se fornecer mel, que foi previamente fervido na tentativa de o isentar de transporte de alguma possível doença, que seria fatal para o pequenissimo número de abelhas disponíveis.


E pronto, começou a aventura e termina aqui o primeiro capítulo da mesma, vamos esperar 4 dias a contar de hoje e verificar se as abelhas são capazes de produzir uma mestra com aquilo que dispõem, se o conseguirem, daqui a 4 dias vamos ter pelo menos, uma célula real já iniciada.

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quinta-feira, 8 de março de 2012

Alimentar as abelhas ...

A presente situação climatérica está a fazer com que a maioria dos criadores de abelhas se vejam nesta altura, o ponto alto de todo o ano apícola, confrontados com a necessidade de alimentar as suas colmeias com abelhas.

Coloca-se então a questão, alimentar com o quê?

Diz-nos a tradição e até a maioria dos manuais de criação de abelhas, que o alimento de eleição deve ser o mel, e faz todo o sentido, afinal é o alimento que as abelhas guardam, até com a própria vida, para se perpetuarem no tempo como seres individuais e perpetuarem até a sua viabilidade como sociedade organizada.

Mas será que o mel é de facto é o melhor alimento que se pode fornecer às abelhas?

Em princípio tudo indica que sim no entanto quem pode garantir que o mel que está a fornecer às suas abelhas não está de alguma forma contaminado?

O mel, como produto natural, se para o ser humano até tem propriedades antibacterianas já para as abelhas não será a mesma coisa. O mel não é fervido, não é pasteurizado, o mel não sofre nenhum tratamento que de alguma forma o deixe isento de bactérias, e como não podemos garantir isto, podemos de alguma forma estar a contaminar as nossas abelhas com alguma doença que elas não tinham. Loqueis são transmitidas pelo mel. A forma mais comum de as abelhas transportarem para a sua colonia as doenças de outras colonias é através da pilhagem como é sabido.

Então devemos continuar a alimentar com mel ou até deixar passar a ideia que o melhor alimento é o mel?

Pessoalmente acho que não, se tivermos necessidade de alimentar, devemos fazê-lo com ou alimentos específicos para alimentação de abelhas ou então e na sua forma mais simples e talvez a mais eficaz, através de xarope de açúcar, desta forma tem a garantia que pelo menos não está a transportar para as suas colmeias as doenças de outras colmeias.