sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Os projetos de apicultura ou de instalação de apiários

Nunca até hoje, em minha opinião claro, tanta gente decidiu de repente tornar-se apicultor. Claro que a atual crise económica que atravessamos também tem a sua quota-parte de responsabilidade, pois de repente a nossa sociedade atirou para o desemprego milhares, senão milhões, de homens e mulheres, que de repente se vêm se alternativas de sustento e tentam encontrar na apicultura uma forma de obtenção de rendimentos, até porque a apicultura é a única atividade agrícola que não implica que o apicultor seja proprietário da terra ou que tenha algum vínculo com ela, basta que tenha autorização do dono, do arrendatário, para que em meia dúzia de metros quadrados possa instalar o seu apiário. Por outro lado as mais ou menos recentes orientações políticas emanadas da CE, dando-se conta que é necessário um regresso às origens com o inerente equilíbrio biológico e proteção da biodiversidade, levaram a que da mesma CE tenham sido libertados fundos, para fomentar a apicultura.

Esses fundos traduziram-se no caso de Portugal, no incentivo a fundo perdido de projetos de instalação de explorações apícolas, contemplando em muitos casos um prémio monetário de instalação aos novos agricultores/apicultores.

Até aqui tudo bem, no entanto, começa a desenhar-se um quadro, já visto no passado, em que mais uma vez o investimento, o dinheiro, que deverá ser para apoio e desenvolvimento de projetos, para ser aplicado no desenvolvimento da atividade apícola, de nada vai servir pois a forma como os apoios estão a ser dados, não corresponde na prática à forma mais correta de fazer as coisas.

Quem frequenta fóruns sobre apicultura, tem-se dado conta nos últimos tempos em que aparentemente vindos no nada, aparecem novos apicultores com 100, 200 ou mais colmeias, mas que não fazem a menor ideia do maneio de uma colmeia e com duvidas básicas, licitas claro, de como proceder nas operações mais básicas mas que no entanto para um apicultor mais experiente, deixam antever o fim que a muito curto prazo vai acontecer, pois a vida de uma abelha é muito curta, tudo se passa muito depressa, e quando um apicultor inexperiente se apercebe que tem uma doença nas abelhas, normalmente já elas morreram todas.

Mas para não deixar qualquer margem de dúvida, sou completamente a favor dos incentivos para a apicultura, apenas em minha opinião e porque afinal o dinheiro que alguns recebem é de todos, ele aparece vindo do nada, foram impostos que forma pagos tanto por portugueses como por outros membros da CE, temos a obrigação de exigir que haja maior rigor e critério na forma como ele é administrado

Há uma cláusula nos apoios aos projetos apícolas, que eu acho errada no timing em que é feita e que leva a que a maior parte dos projetos sejam condenados ao fracasso, e, mais não seja do que continuar a deitar dinheiro fora, pelo menos dos projetos que eu conheço.

O financiamento destes projetos obriga o candidato a frequentar um curso de apicultura e gestão no espaço de 3 anos.

Qualquer um de nós sabe que iniciar uma atividade apícola, na sua fase mais complicada, é o início, é quando não se sabe nada sobre abelhas ou como criar abelhas, e na prática quando o candidato vai frequentar o curso já as abelhas morreram.

Pessoalmente, tenho conhecimento de projetos aprovados para candidatos a 500 colmeias que não distinguem uma abelha de uma vespa.

Em minha opinião, os candidatos deveriam começar por frequentar um curso de formação profissional e o apoio pecuniário ser de acordo com o aproveitamento do curso, tanto na sua componente de gestão como de criação de abelhas e terem acompanhamento obrigatório de um técnico durante a fase de projeto ou seja os 3 anos com a obrigatoriedade de cumprirem limites mínimos de desempenho ou á devolução de todo ou parte do capital dado porque estes fundos são na sua maioria a fundo perdido, sendo que alguns dos projetos ainda contemplam um prémio de instalação para novos agricultores que pode ir até 40.000 euros.

Isto fazia com que quem de facto recebesse os fundos já fosse minimamente capaz de os saber aplicar de acordo com a finalidade a que se destinaram.

Hoje, tanto quanto sei, esses fundos já não apoiam a instalação a 100% ou seja, hoje apenas só já é apoiada a fundo perdido a aquisição do material, seja colmeias, seja equipamento relacionado com a apicultura não estado as abelhas contempladas nesses apoio, isto faz questionar e depois do acima dito, o que vai fazer um apicultor inexperiente, que tenha tido o azar de se cruzar com uma loque ou com uma parasitação de varroa? fica com 200 colmeias vazias ? abandona o projeto ? e o dinheiro que afinal era de todos como fica ?

36 comentários:

  1. Saudações apícolas de um futuro jovem apicultor.

    Li com agrado o texto e gostaria de acrescentar alguns parágrafos, para que não haja má interpretação em relação aos futuros apicultores.

    Actualmente qualquer pessoa pode concorrer a fundos comunitários para se lançar na actividade, algo que de outra forma, seria impossível para a maioria.

    Como diz, e bem, a crise leva a que as pessoas se virem para a agricultura/apicultura.

    O aspirante deve apostar na sua formação antes de inicar actividade, para começar a conhecer os ossos do ofício.
    Certo é que quem está desempregado precisa de trabalhar agora e não passar 3 anos em formação profissional.
    Como tal, é muito positivo que cada vez mais as associações promovam cursos o mais completo possível.

    Os proponentes a apicultores terão todo o interesse em obter formação. Mas acima de tudo, necessitam do apoio dos já experientes apicultores. De quem goste de ensinar. E no futuro todos beneficiam com isso.

    Não acredito que haja jovens apicultores com 500 colmeias que não distingam uma vespa de uma abelha.
    Eu que pouco sei, já reparei que sei algumas coisas que experientes apicultores não sabem…tive foi a sorte de já ter aprendido isso com quem sabia de antemão. Mas nem por isso me merecem menos respeito. Pelo contrário.

    Os fundos comunitários não são o mar de rosas que se possa pensar.

    O ProDer financia 50-60% do investimento (até a um máximo de 250mil euros, sendo que um futuro jovem apicultor apenas encaixa 45 mil por aqui, se não for abastado).
    O IVA é pago pelo apicultor.
    O prémio de instalação (incentivo para que mais jovens trabalhem na agricultura) é no máximo de 30 mil euros e serve para comprar os enxames.

    500 colmeias é o necessário para o projecto ter viabilidade e ser aprovado.

    Um projecto destes fica em cerca de 75 mil euros, sendo que o apicultor, antes disso, tem de ter dinheiro seu para o IVA, fundo de maneio e gastos iniciais, porque os tais 50-60% de ajudas, vêm tarde, mal e nunca e o apicultor vive com o coração nas mãos enquanto não chega.

    E mesmo assim ainda terá de adquirir veículo, infra-estrutura para UPP e outros com dinheiro do seu bolso…a não ser que seja abastado e por isso possa candidatar um projecto de valor superior. Ah, e tem de encontrar 20-25 terrenos para os apiários e cujos donos assinem um contrato de cedência de 5 anos...coisas que é extremamente difícil.

    Também era importante esclarecer que o Estado apenas comparticipa 15%.
    Em 2012 apenas 150 milhões de euros saíram dos cofres para toda a agricultura. Para a apicultura foi uma mínima parte disto.

    Portanto, ninguém fica arruinado como fica o inexperiente apicultor se deixar todas as suas colónias perecerem.

    Ao longo dos anos, os fundos também têm servido e muito bem, para a constituição de associações de apicultores, de melarias que podem escoar a produção mais facilmente, contratação de técnicos para as associações, fornecimento gratuito/custos baixos de medicamentos, formação comparticipada, organização de feiras e outros certames apícolas, etc.

    Caso não seja cumprido o plano de execução, o apicultor é mesmo obrigado a devolver o dinheiro. Vai novamente para o desemprego e aí é que sai dinheiro do bolso dos portugueses e a 100%!
    O mesmo não acontece com o experiente apicultor que aplica erradamente os medicamentos comparticipados e com isso pode contribuir para a resistência da varroa…

    Por esta razão e por outras, é preferível que saia dinheiro do nosso bolso (15%) para financiar um jovem apicultor, que vai gerar dinheiro para o Estado, do que 100% para financiar o subsídio de desemprego do pobre coitado.

    Um bem haja a todos os apicultores que amam verdadeiramente a apicultura e gostam de ensinar quem não sabe, assim como um especial abraço aos meus futuros colegas!

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    1. Boa tarde gostaria de saber como se pode iniciar um projeto de apicultura

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    2. Terá de contatar os serviços do Min da Agricultura da sua área para essa informação

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  2. Concordo em número género e grau com o disse!

    Apenas ressalvo dois ou 3 pontos que não sendo discordar do que referiu apenas tem de ser feita a distinção que num espaço temporal relativamente curto têm sido alteradas as regras e montantes de financiamento.

    No entanto e mantendo uma das afirmações feitas no meu texto e claro que a devemos entender como uma figura de estilo não deixa no entanto de corresponder (infelizmente) à verdade pois existem projetos aprovados para 500 colmeias em que o dono do projeto não faz a menor ideia do que é a atividade apícola. Esperemos que o crivo oficial seja capaz de no futuro distinguir o trigo do joio, fazendo com que situações de oportunismo deixem de ser comtempladas.

    Fica no entanto uma dúvida por esclarecer que é se as regras de aprovação de projetos são uniformes para a totalidade do território continental ou se variam consoante a região a que o mesmo se destina ou onde se pretende implementar.

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    1. É verdade.

      Tanto regras, como montantes para financiamento têm sido alteradas. Isto ficou a dever-se ao facto de, até há pouco tempo, muitas pessoas se candidatarem aos fundos com projectos que não tencionavam levar até ao final, arrecadando o prémio à primeira instalação (o chamado dinheiro do jipe de que muitos agricultores beneficiaram) e desistindo logo depois, tendo isto metido até cooperativas que aliciavam jovens licenciados em agronomia para depois ficarem com parte do prémio (isto sabe-se off the record).

      Agora paga o justo pelo pecador. Isto é, o montante total é muito menor, e o prémio à instalação também. Sendo que a única coisa positiva, é que há fiscalização ao longo do projecto e obrigação do mesmo ser 100% executado, caso contrário é devolvida a totalidade da ajuda concedida.

      Como tal, oportunismo pode ainda haver. Mas com estas mudanças de regras, legalmente não conseguem levar a sua avante (têm de devolver o dinheiro) e se não tiverem o bom senso de procurarem obter o máximo de formação possível e de falar com o máximo de bons apicultores possível, o projecto acabará por ser um fiasco (têm de devolver o dinheiro à mesma).

      Pena é que a máquina burocrática do ministério da agricultura, apesar de melhoras, continue assustadoramente lenta e pesada, deixando os agricultores/empreendedores de coração nas mãos, com investimentos pagos por si e à espera que cheguem os prometidos fundos.

      Na minha opinião é muitíssimo mais preocupante a forma como apicultores espanhóis entram em Portugal, sem respeitar a legislação nacional, sem olhar a densidades e distâncias de apiários, espremendo o néctar português até à última gota e partindo daqui, deixando as colmeias nacionais com menos mel e talvez com mais maleitas. E isto com a complacência política que nos (des)governa.

      Quanto à dúvida sobre a uniformidade das regras de aprovação dos projectos sobre o território nacional...teoricamente e enquanto os fundos não terminarem, são aprovados todos os projectos com viabilidade financeira, sejam no Minho, Algarve, Beiras ou Vale do Tejo. Quanto não chegar o dinheiro, só são aprovados os projectos com melhor rentabilidade...

      Mas isto é em termos teóricos...não digo que exista isto na apicultura dada a reduzida dimensão da actividade, mas na agricultura em geral, em que existem projectos megalómanos, sei que por vezes pode ser uma questão política e de cor partidária.

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  3. sabem qual é a legislação sobre a matéria?

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    1. A melhor resposta para a sua pergunta é consultar aqui:

      http://www.proder.pt/homepage.aspx

      Esse é o site do PRODER e é lá que deve estar afixada a ùltima legislação sobre os projetos apoiados e a sua regulamentação

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  4. Tudo isto é muito interessante!Obrigado!

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  5. Fiquei muito indignado com este artigo de apialentejo, não vou repetir a opinião do Pedro mas quero partilhar a minha concordancia com a sua resposta ao artigo.
    Ao ler este artigo fiquei com a ideia que a instalação de jovens apicultores incomoda o autor da apialentejo, fico triste e indignado, ou o senhor está alheio a estes projectos ou então quer assustar os nossos jovens em situações que se encontram muitas delas complicadas.
    Não é correcto dizer ou dar a entender que este dinheiro dos projectos para jovens agricultores não deve ser concedido sem esigencias ao nossos jovens o que não é correcto.
    O Sr autor do artigo apialentejo sabe quais são a esigências feitas pelo governo no contrato assinado entre ambas as partes a todos aqueles que recorreram a uma grande variedade de projectos de jovem agricultor, não fiquei com a ideia que ou desconhece ou quer dar uma má imagem dos beneficiarios a estes fundos perdidos.
    Para terminar vou apenas dizer que quem não cumprir devolve obrigatóriamente e sem qualquer recurso do valor total que lhe foi concedido, donc, não se preocupe que para si e todos os portugueses nada têm a repor do seu bolso a estes jovens que tentam participar no desenvolvimento da nossa economia local.

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    1. Pois é caríssimo, apenas uma palavra como comentário.

      "Literacia"

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    2. hum será que literacia tem alguma importância para um apicultor, ou foi apenas falta de resposta á altura?
      quando faltam os argumentos, coisas tão mesquinhas e insignificantes(no contexto desta discussão) como a literacia até parecem ser uma resposta digna, mas na verdade só serviu para dar razão ao Francisco e me fazer suspeitar que afinal você tem mas é medo da concorrência...

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    3. Como pode comprovar já a primeira resposta estava certíssima e este (seu)comentário é a prova disso. "Literacia" é sobretudo a capacidade de saber interpretar o que se lê.

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  6. Como se processa a inscrição na Direcção-Geral de Veterinária para ser apicultor.
    Obg

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    1. Um pouco fora de contexto, mas procure informação nos serviços da sua Zona Agrária, pois tanto quanto sei, existem muitas alterações aoprocedimento que vinha sendo prática.
      Mas deixe-me fazer nota de que o que necessita mesmo para poder ser apicultor é o número e registo como apicultor que é feito na ZA da sua área.

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  7. Como jovem empreendedor e como possivel interessado na area da apicultura gostava de saber se é possivel um jovem candidatar-se aos fundos de investimento destinados á apicultura mas ao inves de se lançar sozinho, associar-se a uma empresa apicola já existente e trabalhar em parceria, aumentando assim as possibilidades de sucesso tanto individuais como da empresa a que se associa dado que aumenta a sua produção.
    obg

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  8. Claro que é possível (e recomendável) que se associe a uma organização de produtores tenha ela a forma jurídica que tiver. Sou completamente a favor da integração dos agricultores e apicultores, não esquecer que a apicultura é uma vertente da agricultura, nessas organizações, penso que é a única forma de poder ter sucesso no futuro é englobado numa organização, assim existam essas organizações onde os apicultores se possam integrar.

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  9. Sinceramente acho imensa graça aos apicultores, quando referem que há muitos jovens apicultores que não percebem nada de apicultura e quando criticam a dimensão das novas explorações. Parece que o conhecimento é de apenas alguns. Esquecem no entanto que as abelhas sobrevivem sozinhas há milhões de anos e que apenas aprendemos a manipular alguns estímulos naturais. É no entanto um facto adquirido que com os actuais apicultores, os ditos experientes, a apicultura em Portugal, salvo raras excepções nunca “descolou”, sendo no entanto impressionante a quantidade de “aselhice” que por ai vai…

    Mais engraçado ainda, é nunca ter visto comentários com o deste post, relativamente aos jovens que se instalam por exemplo na agropecuária na fileira do leite. Esta actividade como qualquer outra exige conhecimento e saber fazer. Uma exploração agropecuária para ser interessante terá de ter pelo menos 50 ou mais vacas leiteiras. E se a relação entre os Cash Flows anuais gerados por uma vaca leiteira equivalem a cerca de 10 colmeias, porque razão se recomenda que os jovens apicultores devem iniciar a actividade 10 ou 20 colmeias? Isto é, o mesmo que dizer ao novo empresário agrícola para começar com 1 ou duas vacas, o que é manifestamente ridículo…

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  10. Começando por lhe agradecer o seu comentário, o qual já li e tornei a ler várias vezes e não entendo onde se baseia para dizer que acha graça à critica que é feita aos novos apicultores e respetivos projetos pela sua dimensão. Essa critica tem toda a objetividade em ser feita e no fim de contas ela destinasse sobretudo a defender os novos apicultores, sejam pessoas novas ou menos novas, não é uma critica destinada à juventude. É verdade que as abelhas existem há milhões de anos e que só recentemente nós, ser humano, aprendemos a manipula-las, e exatamente por só agora termos aprendido a manipula-las que projetos megalómanos de centenas de colmeias nas mãos de um iniciado, apenas e salvo raras e honrosas exceções, estão condenados ao fracasso. Fez a comparação entre vacas leiteiras e abelhas, bom eu de abelhas já vou sabendo qualquer coisita, mas confesso que de vacas e sobretudo leiteiras não entendo rigorosamente nada, e por isso mesmo quando opino é apenas sobre apicultura, no entanto o meu escasso conhecimento de gado bovino faz-se saber antecipadamente que esse mesmo animal, além de ter uma vida muito mais prolongada que uma abelha, que na maioria dos casos morre cerca de 60 dias depois de ter sido colocado um ovo pela rainha, coisa que não acontece nas vacas e que permite estudar e ter hoje um profundo conhecimento sobre esse mesmo animal, coisa que sobre as abelhas ainda não existe. Pergunta ou afirma porque é que não se recomenda que alguém comece uma vacaria apenas com uma vaca, concordo que faz sentido, no entanto para tratar de uma vaca de certa forma basta que lhe forneça agua e comida e ela cresce por si ao longo dos anos, você pode avaliar uma eventual gravidez, pode até auxiliar um eventual parto, você não tem nada disso numa colmeia, são "mundos" diferentes, daí que todo e qualquer apicultor responsável aconselha um novato na apicultura a começar devagar, isto apenas porque os tempos de aprendizagem são completamente diferentes e se no caso das vacas, e no caso de uma doença, pode sempre chamar um veterinário, o mesmo não existe para uma colmeia. Muitas seriam as razões que lhe poderia apontar, mas penso que pelo que lhe disse, percebe agora porque é que deve começar um projeto com poucas colmeias. Se ainda não entendeu, vou tentar ainda mais uma possibilidade, é que com poucas colmeias você consegue acudir a todas, com muitas e pela sua falta de experiência, vai continuar apenas a ser capaz de acudir a poucas colmeias e as outras morrem em poucas horas ou dias.

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  11. Gostava em primeiro lugar de saudar esta discução que em muito servirá certamente para elucidar alguns futuros aspirantes a projectos de apicultura. Compreendo perfeitamente a opinião do Sr. Apialentejo e acredito também que mais de metade destes projectos de 500 colmeias não passe do segundo ou terceiro ano. Não me interpretem mal, mas como modesto apicultor de fim de semana sei que para a apicultura é preciso dedicação... mesmo muita. Aproveito para informar que para um projecto do PRODER não precisa de 500 ou 250 ou 100 colmeias no mínimo como muitas vezes quer parecer. Um projecto de 50 ou 60 colmeias é perfeitamente aceite pelo PRODER desde que apresente rentabilidade, para o valor investido... mas retomando a anterior discução, nesta questão dos projectos megalómanos ou dos curiosos.... Bem curiosos há-os em todo o lado. Tive oportunidade bem recente de confraternizar com varias pessoas com projectos aprovados no Proder e fiquei espantado pois mais de metade pouco sabe no que se está a meter. Isto é coisa séria minha gente... estes fundos não são bem a fundo perdido, pois se o projecto não for concretizado nos moldes e que foi aprovado o dinheirinho tem de ser todo devolvido e com juros. Vi malta a candidatar-se desde olival, mirtilos, Bovinicultura, avicultura, apicultura, etc. No olival, Bovinicultura ou alguns outros não me assusto se uma pessoa que não percebe nada do assunto quiser fazer um projecto de 50 ou 100 hectares, isto porque o tipo de cultura permite aprender com os erros. As oliveiras não vão morrer em 2 ou 3 meses. Isto claro sem menosprezar o olival. Agora quando ví pessoas que pouco ou nada sabem de mirtilos candidatrem-se a um hectar de mirtilos em estufa ou pessoas que nunca abriram uma colmeia candidatarem-se a projectos de 250 ou 300 colmeias assusto-me e tenho pena deles. Na apicultura os aspirantes a apicultores de 300 colmeias tem de saber que passam a ter um trabalho efectivo de 7 dias por semana 365 dias por ano. Se por acaso adoecerem ou tiverem o azar de estar um mês ou dois sem visitar as colónias pode acontecer já só encontrarem algumas a funcionar, nas oliveiras isso não acontece. E os roubos??... E os incêndios?? E as doenças..?? já para não falar da inexperiência, que essa sim vai matar-vos imensas colmeias. Com isto não quero desincentivar ninguém na apicultura antes pelo contrario, quero incentivar que está por gosto e não por oportunismo pois acreditem que quem estiver por oportunismo vai ficar decepcionado. Quanto aos subsídios... Bem em minha opinião os subsídios estão bem e devem existir, o que está mal é mentalidade das pessoas. Esta é que tem de mudar, tanto para quem se candidata, que muitas vezes só quer quantidade e euros, como para os "vizinhos" que em vez de aproveitarem para aprender ficam-se pelas criticas e pela inveja.

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  12. Eu como novo apicultor e tendo apenas três anos de experiência efectiva, apesar de desde novo conviver com abelhas, uma vez que o meu pai tinha mas em pequena quantidade. Tenho de concordar plenamente quando se diz aqui que no começo da actividade se deve começar com uma pequena quantidade de abelhas. E digo isto porque foi assim que fiz, no meu primeiro ano começei com 15 colmeias, no segundo passei para 30 e neste momento estou com 50 colmeias, e até agora tem dado resultado uma vez que durante este tempo tive hipotese de perceber o modo de funcionamento das colmeias o que deve ser feito em certas e determinadas situações e claro contei sempre com apoio de outros apicultores mais experientes, e da associação em que estou inscrito, o que me facilitou em muito a aprendizagem necessária para trabalhar nesta área.
    Acho muito honestamente que quem se inicia nesta actividade com um número bastante elevado de colmeias terá de certo grandes dificuldades em manter tudo em ordem, uma vez que pela minha experiencia mesmo com 50 começa a existir um volume de trabalho bastante considerável, imagino com 300 ou mesmo 500 colmeias.
    Não sei até que ponto uma pessoa sozinha terá capacidade para tomar conta de um número tão grande de colónias.
    Mas quero acreditar que sim.

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  13. Bom dia
    Onde se pode frequentar um curso de apicultura ou formação sobre a mesma na zona do Alentejo ???

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  14. Muito fora de contexto no entanto pessoalmente tenho conhecimento que esporadicamente em Mértola são promovidas algumas formações, fora isso a Apialentejo promove formações "online" que evitam a necessidade de deslocação

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  15. Boa noite,
    antes de mais saúdo Apialentejo pela temática abordada e por permitir esta discussão de ideias entre os variados intervenientes.
    Tenho uma profissão muito bonita mas pouco valorizada (enfermagem) e confesso que penso em enveredar por outros caminhos a médio/longo prazo, pela minha "ligação à terra".
    Tenho lido muitos artigos sobre a apicultura e tendo em conta o défice de produção desta matéria no nosso país, cada vez mais me interesso por esta temática. Tenho família numa aldeia na qual possuo um terreno bastante grande (embora ainda não saiba se possui todos as condições necessárias para a produção de mel) e estou a pensar em tirar um curso para iniciantes na apicultura e depois investir em algumas colmeias. Pretendo também pedir a ajuda de alguns vizinhos ( experientes na produção de mel).
    Sendo assim, sei que ainda tenho um longo caminho pela frente até pensar em fazer da minha vida a Apicultura. De qualquer forma, com todos o erros que "tenho" que cometer e com todo o meu empenho, penso que um dia a Apicultura pode ser o meu principal "cuidado".
    Abraço

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  16. A pratica da Apicultura é deveras difícil e com necessidade de muito conhecimento, mas que área seja agricultura ou outra não o é??

    Infelizmente tudo o que toca ao aproveitamento da terra parece ter sido transformado em Tabu, uma vez que grandes latifundiários transformaram certas áreas de actividade em Lobbies brutais.

    Pratico Apicultura apenas como hobby e comecei com 12 anos sem qualquer tipo de informação nunca na minha familia alguém tinha tido abelhas e quando os miúdos pedem aos pais um brinquedo eu pedi uma colmeia (5 atuais) só pelo gosto das abelhas e gosto pelo MEL..., e em 20 anos apenas perdi uma colmeia por causa da "verrooa", por isso não acredito que seja uma ciência espacial, até porque já é praticada desde o inicio dos tempos... e não havia Internet na altura.. lolol

    em seu tempo , quiz transformar esta paixão em algo mais e em qualquer site ou forum ou seja o que for que tento ir entrar ou informar existem pessoas e instituições a tentar travar qualquer tipo de motivação que se possa ter, até mesmo as próprias associações parecem querer travar a entrada de mais um com medo que possam roubar o negocio, é por estas mentalidades que o nosso país não anda para a frente e os campos estão cada vez mais abandonados...

    Vergonha é so o que tenho a dizer.....

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    1. Não entendo o seu comentário sobretudo nos dois últimos parágrafos.

      O "post" inicial tem data de 2012 e desde lá até hoje muita água correu por baixo das pontes tal como muita coisa mudou na realidade dos projetos de apicultura.

      Se em tempo teve vontade de transformar a sua paixão em relação às abelhas,e voltando ao tópico inicial, deveria ter contatado primáriamente os serviços da sua Zona Agrária, eles melhor que ninguém o deveriam ter encaminhado, e não fóruns ou blogs na internet.

      Quando fala em vergonha penso que se esteja a referir ao facto de alguns desses projetos, a que eu fiz referência há 2 anos atrás, a esses projetos e não contra o PRODER ou a entrada de novos apicultores, começarem agora a aparecer à venda meio discretos, ou o que acha que são algumas vendas que aparecem na internet sobre 500 ou 1000 colmeias "quase novas" ou equipamento industrial de melarias "em muito bom estado" ?!

      Pois deve ser caso para ter vergonha tanto de quem os aprovou bem como de quem se aproveitou deles.

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  17. Ola.
    Gostava dum concelho.
    Sou filho duma família de sociedade baixa, mas
    Honesta e trabalhadora, nunca tive o que os outros tinham da minha idade, mas graças a Deus comida nunca me faltou, pois sei que os meus pais e avós me davam tudo que podiam.
    Sai da escola a dois anos, e desde sempre "andei nas abelhas " gostava de apanhar enxames, alguns para conseguir dinheiro com eles, uns 7, 8 por ano.
    Tenho 10 enxames já a tres anos (sempre a tomar conta deles da melhor maneira, curas, alimentação, tirar o mel , mudar rainhas etc.
    Nunca tive emprego certo, dava uns dias nas obras, outros a cortar Mato, e (assim consegui as minhas coisas, o meu carro, etc.) E por isso estava a pensar a candidatar me a um projeto de apicultura
    Entre 100 a 150 colmeias, ( não tenho financiamento para fazer este projeto nem tão perto sequer) sei que não me da um grande sustento, mas já é uma boa ajuda certo ?
    Mas o meu maior medo e o investimento e caro, e depois se dá mal ter de dar o dinheiro todo.
    Pelo menos tenho apoio dos meus pais a 100%.

    Será que é uma ideia para levar avante ?



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  18. Se me pede uma opinião, eu acho que deve ir em frente com o seu projeto, no entanto deve fazer algumas "afinações" na forma como pensa candidatar-se a fundos.

    O número de colmeias normalmente apontadas ( e alguém que me corrija se assim não for) para os projetos de apicultura é de 300 colmeias. Embora eu considere um número algo excessivo, é esse o número que quem avalia (muito melhor do que eu) aponta como correto para a viabilidade de um projeto em apicultura.

    Tem que juntar a esse projeto a construção de uma UPP (Unidade Primária de Produção) é obrigatória para quem vende mel isto claro se não aderir a nenhuma organização de produtores que disponha de uma e faça a extração de mel. Atenção que por lei 90% do mel fica na associação!

    Para além disso tem que fazer obrigatoriamente duas formações, uma genérica em gestão agrária e uma especifica em apicultura, se as fizer pelo IEFP terá de ter o 9º ano de escolaridade.

    Posto isto se precisar de alguma ajuda e obviamente a distância fará diferença, coloque aqui o precisar de esclarecer.

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  19. Sim agradecia a sua ajuda por favor.
    Gostava que esclarecesse mais alguns pontos, se souber e claro.

    1- o número mínimo de colmeias para o projeto são 100 ?
    2- posso vender o meu mel a uma cooperativa, ou onde seria mais rentável vende lo?
    3- segundo que sei, eles financiam, 60% mais os 15 mil "bônus" certo?
    4- as abelhas são comparticipadas, ou só o material de instalação?

    Cumprimentos e obrigado.

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  20. Eu não sou a melhor pessoa para responder a isso, a melhor informação encontra-a juntos dos serviços do PDR2020, tem um site próprio na internet, ou nos serviços do ministério da agricultura, são eles que avaliam logo são eles que ditam as regras.

    Em relação à sua primeira pergunta ela foi respondido no post anterior.
    A venda de mel a uma cooperativa ou a qualquer outra forma de organização, parte do principio que essa organização recebe e extrai o mel não podendo o mesmo POR LEI ser devolvido, o produtor tem direito a 10% do que entrega.
    Não financiam 60%! o financiamento é escalonado de acordo com o valor do projeto e de outros pressupostos, como por exemplo pertencer a uma organização de produtores etc etc
    A comparticipação, ou não, de animais tem a ver com as características de cada projeto, tenha em atenção que aqui o que é valorizado é a inovação, o empreendedorismo, as práticas amigas do ambiente, as formas associativas, etc etc

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  21. tenho uma area de 40.000.00 metros florestada com agua gostaria de uma parceria para monta um apiario hotmail sidnei_sbr@hotmail.com

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  22. Boa noite

    quero me iniciar na apicultura mas gostaria de ter uma formaçao antes para nao jogar dinheiro fora , sabe me dizer onde posso ter esta formaçao no Litoral alentejano ou Algarve ?

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  23. Obviamente vou-lhe responder que deve fazer essa formação connosco. Peça informações através do endereço apialentejo@gmail.com

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  24. ola...sou um apicultor mas nao tenho formaçao profissonal e queria muito um auxilio ou ate mesmo ajuda de vcs se necessario..queria saber o que devo fazer sobre esse assunto...muito obrigado...

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    Respostas
    1. Coloque a sua dúvida mesmo por aqui, se a dúvida for relacionada com ou sobre projetos PDR2020 pode ser que a resposta seja fácil, se não for o caso faça a pergunta pelo email

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  25. olá sou o marcos dos açores e tenho interesse em começar na apicultura , no entanto não tenho qualquer experincia . Como funciona a vossa formação online?

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  26. Peça informações pelo endereço de email:

    apialentejo@gmail.com

    Cumprimentos

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