quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Cientistas usam microchips em abelhas para investigar a depopulação das colmeias

Ana Ganhão (15-09-2011)
 
Especialistas de Salamanca, Espanha, estão a realizar um projeto pioneiro que envolve colocar microchips em abelhas para investigar as causas dos elevados índices de mortalidade entre elas.
"Iniciamos o projeto porque na região de Salamanca temos muitos problemas com o desabelhamento das colmeias", disse Castor Fernández, presidente da Asociación de Apicultores de Salamanca, Espanha. "Falamos em desabelhamento quando a colmeia fica despopulada e morre. Durante anos que tem havido um índice de 80% de despopulação, ou seja, em cada 100 colmeias, morrem 80."

Segundo Fernández, quando as abelhas desaparecem, a rainha deixa de colocar ovos para que se formem novas colmeias. Após um período, a colmeia morre."Não sabemos se as abelhas se vão embora ou se morrem ali perto. Não sabemos o que ocorre, e por isso surgiu a ideia dos microchips para ver se encontramos alguma solução".Os minúsculos chips são acoplados ao tórax das abelhas. Cada vez que elas passam pela entrada da colmeia, um leitor de microchips regista os dados que são arquivados em um computador.

Os investigadores José Orantes Bermejo, dos Laboratorios Apinevada, em Granada, e Antonio Gómez Pajuelo, apicultor, estão a monitorizar abelhas em colmeias saudáveis, onde não houve qualquer contaminação por pesticidas, e em colmeias onde foram identificados resíduos de pesticidasem níveis não letais. "Estamos a colocar identificadores passivos (sem baterias) para identificar cada abelha de forma individual. Estes dispositivos têm um tamanho aproximado de 2 x 1,6 mm e uma espessura aproximadamente de 0,5 mm. O peso aproximado é de 5 mg e a abelha pode carregar (o chip) sem problemas", afirmou Bermejo.

Pajuelo refer que a pergunta que a equipa pretende responder é a seguinte: Os índices de resíduos de pesticidas, encontrados com relativa frequência, afetarão tanto a vida das abelhas ao ponto de fazer com que elas morram aos poucos? E será que essas mortes levariam a colmeia a perder quantidades importantes de abelhas ao longo do inverno, tornando-se depopulada?

Segundo Pajuelo, os estudos feitos até agora têm levado os especialistas a concluir que o desaparecimento das abelhas se deve a uma conjunção de três fatores, nomeadamente, a má nutrição durante o outono por problemas nas florações nesse período, a falta de controlo sobre o ácaro Varroa destructor, que parasita as abelhas, e o uso de pesticidas agrícolas, usados externamente, e pesticidas usados dentro da colmeia no combate ao ácaro varroa.

"Os pesticidas são tóxicos para as abelhas e, em doses baixas, interferem na produção dos péptidos antimicrobianos do seu sistema imunológico", disse Pajuelo."Restos de pesticidas utilizados em torno ou dentro da colmeia contra o varroa acabam por ficar dissolvidos na cera e dali passam para a parte gordurosa do pólen armazenado pelas abelhas". O investigador explicou que quando esse pólen é consumido pelas larvas e por abelhas adultas, ocorre uma intoxicação leve, que não seria o suficiente para matar as abelhas, mas que pode encurtar as suas vidas e aumentar a incidência de doenças. "A influência deste último fator é o que estamos a tentar demonstrar, ao marcar as abelhas com chips que nos permitem 'ler' o seu período de vida".

Fonte: http://www.bbc.co.uk/

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Colmeias racionais

Não vou fazer nenhuma abordagem ao aparecimento da colmeia racional e muito menos "retrocessos saudosistas" aos antigos cortiços, sou de opinião que tudo tem um inicio e um fim e de preferência que esse fim seja pela substituição por algo de melhor, no caso o aparecimento das colmeias modernas.
Cortiço tradicional

Existem em uso presentemente em Portugal vários tipos de colmeias, sendo os mais vulgares, os modelos "reversível", "lusitana" e "langstroth". Estes modelos derivam mais ou menos da colmeia "langstroth" que foi sofrendo adaptações no sentido de ser rentabilizada de acordo com as necessidades de cada zona onde é utilizada.

Pessoalmente não encontro motivos para achar que este modelo é melhor que o outro, talvez pela zona onde exerço apicultura isso não fazer  qualquer diferença, mas a minha realidade é esta, assim sendo faço recair a minha escolha do modelo a usar, na facilidade de operação de cada uma delas, que vai desde o peso a carregar até a facilidade de compatibilizar todo o material que uso.

Uma colmeia é normalmente construída em madeira de pinheiro (pinho), infelizmente nós aqui no continente, não temos (a preços interessantes claro) uma madeira muito boa que existe nos Açores, a criptómeria, e que tanto quanto sei é bastante usada por lá, barata e muito leve, e muito bem aceite pelas abelhas, logo temos de nos socorrer da relação qualidade/custo/disponibilidade e aceitação pelas abelhas abelhas e o resultado é a madeira de pinheiro.
Criptómeria

Uma colmeia é normalmente construída de madeira de pinho, com a espessura de 25mm, é a  "bitola" aceite como isolador suficiente para as temperaturas de inverno, verão e humidade. Este é o valor comum ás colmeias que adiante vou descrever com mais pormenor.

Seja qual for o modelo de colmeia racional, e faço aqui esta nota, porque há colmeias que embora construídas também com as mesmas normas como sendo a bitola da madeira são colmeias cujo desenvolvimento é horizontal, designadas vulgarmente por TBH, que em minha opinião não rentabilizam tanto a prática apícola como as racionais, mas que também dão resultados muito interessantes para quem apenas quer possuir uma ou duas como passatempo, mas como dizia uma colmeia é sempre constituída de um fundo, um ninho, uma alça e pelo menos uma cobertura ou telhado.

Colmeia TBH (Top Bar Hive)

Como já se percebeu apenas vou abordar os 3 modelos que citei em cima, e posto que já descrevi uma colmeia, vou agora tentar explicar o que cada coisa é, sendo que algumas partes são mais óbvias que outras:  
  • Fundo ou estrado: a parte onde tudo assenta, normalmente a parte também por onde entram e saem as abelhas. Pode ou não ser fixo ao ninho.
  • Ninho: A parte que é colocado em cima do estrado, podendo ou não ser fixa ao mesmo. É a parte mais importante da colmeia, é aqui que as abelhas nascem, onde a rainha anda, onde as abelhas recen-nascidas se alimentam, até onde as doenças das colmeias se desenvolvem. Posso afirmar que nenhuma colmeia que não tenha um ninho saúdavel, consegue produzir mel.
  • Alça(s): Os brasileiros chamam-lhe "melgueiras", nós por cá somos mais "puristas" chamamos-lhe alças, é a parte onde as abelhas produzem e guardam o mel. Deve existir em época de produção pelo menos uma por colmeia, podendo o seu numero ser no entanto superior.
  • Quadros: São os elementos onde as abelhas operam, eles são uma substituição racionalizada dos antigos favos, onde as abelhas fabricam a cera que posteriormente serve para armazenar mel, polén, criação. Existem normalmente entre 8 e 11 quadros por ninho ou alça, consoante os casos, sendo que na pratica o ninho tem normalmente 10 quadros.
  • Quadros: O objecto físico onde as abelhas constroem os favos, uma armação em madeira de medidas mais ou menos rígidas consoante o tipo de colmeia e onde as abelhas e a mestra claro, colocam desde os ovos até ao polén para sua própria alimentação e continuidade.
  • Prancheta de agasalho: Este conjunto de caixas sobrepostas normalmente é encimado por uma tampa que de certa forma isola o interior da colmeia do exterior.
  • Tecto: A parte de cima da colmeia, sobreposta á prancheta de agasalho quando existe, que limita e protege a parte de cima da colmeia tanto do vento como da agua e até mesmo de invasões externas. Quando existente, pode criar uma caixa de ar que isola do frio e do calor o interior da colmeia, em muitos casos e quando necessário pode dar-se alimento artificial á colmeia através desta peça, sendo o mesmo colocado em cima da prancheta de agasalho.
Como já disse anteriormente a parte mais importante da colmeia é o ninho. É aqui que a mestra, que é a administradora da colmeia faz a gestão da postura que leva ao aumento ou diminuição do numero de abelhas existente na colónia, disso vai depender o desempenho e viabilidade dessa mesma colmeia, claro que este sucesso depende da qualidade da mestra mas não é hoje que vou abordar esse ponto.

Alça e meia alça reversivel/lusitana come sem quadros

O ninho é composto normalmente por dez quadros, separados entre si por uma regra denominada por "espaço abelha" que mais não é que uma medida que varia entre os 6mm e os 9mm, e isto porquê? porque se descobriu que se a medida dos inferior aos 6mm as abelhas teem tendência a propolizar (tapar e preencher com própolis), se for superior aos 9mm as abelhas teem tendência a construir cera (favos).

Colmeia lusitana

Posto isto temos então como diferenças entre os tipos de colmeias abordados, as suas medidas, sendo que no caso das colmeias lusitana e reversível, uma caixa quadrada com medidas internas de 380mm por 380mm, se juntarmos a isto 2 x 25mm da espessura da madeira resulta numa medida de 430mm. É óbvio que tudo o conjunto vai respeitar esta medida porque como foi dito anteriormente tudo se sobrepõe desde o estrado até ao tecto. A diferença está então onde? a diferença entre estas duas colmeias está então na altura, enquanto a lusitana tem 310mm de altura a reversível é de 240mm.

Colmeia reversível

As alças, dado que as dimensões comprimento x largura são idênticas, são compatíveis em ambos os modelos, sendo que uma alça lusitana é igual á alça e/ou ninho reversivel, ou seja 380mm x 380mm x 240mm, podendo também em vez de alças para armazenamento do mel, serem usadas meias alças, iguais em comprimento x largura mas diferentes na altura sendo que uma meia alça tem 380mm x 380mm x 170mm.
As alças como já disse podem ser usadas em qualquer modelo, no entanto os quadros e ao contrario do modelo reversível que tanto podem ser usados no ninho ou na alça, daí o nome da colmeia ser "reversível" na lusitana o mesmo não pode acontecer entre os quadros do ninhos e os quadros da alça, pois as medidas são diferentes.

Colmeia langstroth

A colmeia langstroth segue a mesmas regras e a mesma forma de organização que as anteriores mas e ao contrario das anteriores que resultam numa caixa quadrada, esta resulta numa caixa rectangular, tendo então uma largura de 380mm (comum a qualquer modelo e que á frente explico a razão) por uma profundidade de 485mm e uma altura de 240mm. A alça deste modelo tem a mesma dimensão do ninho, no entanto e devido ao peso quando cheia de mel, peso que oscila entre os 25kg e os 30Kg sendo que normalmente se usa uma meia alça com as mesmas medidas largura e profundidade mas cuja altura é de 170mm.


Tanto nos modelos langstroth e reversível a primeira alça é designada por sobre-ninho, isto porque é frequente as mestras subirem a esta parta da colmeia para continuar/efectuar postura.

Quadro meia alça reversivel/lusitana
Por ultimo a razão da semelhança da largura entre os diversos modelos está em que os quadros teem um valor médio de 25mm, logo temos que 10 (número médio de quadros de ninho) x 25mm=250mm + (11(o nº de intervalos entre os quadros e as paredes esq. e dir.) x 12mm (o valor que os fabricantes usam em média para compatibilidades entre os quadros) = 132mm, então temos 250mm+132mm= 382mm, arredondado obtemos então os 380mm.



              
 Quadro alça reversível/lusitana

Começa a ser vulgar e pelo acima demonstrado que muitos apicultores, no ninho optem por diminuir os espaço entre os quadros e em vez de 10 usarem 11 quadros no ninho, pois e basta pensar nos cálculos apresentados ver que eles chocam com a regra básica
 do espaço abelha.

Quadro lusitano

Os quadros destas diferentes colmeias são fáceis de calcular sendo que na pratica teem de respeitar o espaço abelha tanto em comprimento como em altura sendo que teem e consoante o modelo a que nos referimos menos 10mm de comprimento e menos 10mm de altura, a travessa superior do quadro tem normalmente mais 30mm para que o mesmo possa assentar na reentrância existente na caixa sem cair ou no caso de alça, assentar nos quadros de baixo.

Apialentejo